O azul nem sempre é a cor mais quente; na maioria das vezes, ele está lá escondido, tímido, esperando que o espectador mais sensível repare nele.
1. O tom distópico
Assim como o verde dá ideia de modernidade e tecnologia, o azul se comporta como seu primo não tão distante, representando o futuro distópico, variando de tons discretos a quase uma paleta inteira – como em Avatar (2009), por exemplo.
2. O tom marítimo
Todo mundo sabe que a água é incolor e translúcida. No entanto, por conta do reflexo do céu, enxergamos o oceano sempre azul. Já ficou no inconsciente coletivo que a água é azul e, assim, tudo relacionado a ela costuma apresentar-se da mesma maneira. Em Aquamarine (2006), a protagonista está sempre de azul para lembrar-nos o tempo inteiro de que ela é uma sereia, mesmo em terra firme.
3. O tom exotérico
Bruxas e feiticeiros costumam aparecer de azul de vez em quando. A associação aqui não se dá por conta da magia ou feitiços, mas pela ligação espiritual com elementos da natureza. O sobrenatural, como em Riverdale (2017), também costuma utilizar-se do azul para representar mistérios.
Curiosidade: Riverdale brinca com a junção do azul-mistério e o vermelho-violência em todos os episódios.
4. O tom empresarial
Empresários e funcionários que trabalham com business se apresentam, na maioria das vezes, adornados, vestidos e em ambientes com tons de azul. Trata-se de uma cor que transmite segurança, tranquilidade, e, principalmente, respeito. É claro que nosso Leonardo Di Caprio não estaria diferente em O Lobo de Wallstreet (2013).
5. O tom astrofísico
Sempre que o cinema busca representar algum elemento astrofísico, o azul se evidencia. O azul é a cor que mais lembramos ao pensar no universo, no Planeta Terra, nos astronautas, etc. Costuma aparecer quando existe uma personagem associada ao trabalho astronômico (ou que se interessa fortemente pelo assunto), como é o caso de Auggie em Extraordinário (2017).
6. O tom de frieza
Por conta do inverno, é muito comum misturar o azul e cinza nas paletas cinematográficas. O azul lembra recolhimento, introspecção e distância, comportamentos que são frequentes no período do inverno, principalmente em regiões em que o clima castiga. Embora Atypical (2017) nem sempre se passe durante o inverno, o azul se faz presente para representar a frieza aparente de Sam, que, por ser autista, não consegue perceber que seu comportamento é enxergado pelos neurotípicos dessa maneira.
7. O tom de tristeza
Na língua inglesa, costuma-se usar a cor azul como sinônimo de tristeza ou chateação. Quando uma pessoa diz que se sente triste, melancólico, é comum utilizar a expressão: “I feel so blue…” (eu me sinto tão azul…). O termo veio do gênero musical “Blues”, em que os cantores costumam relatar suas desilusões amorosas ou com a vida. Hannah Baker, protagonista de Os Treze Porquês (2017), é depressiva e tudo ao seu redor não é azul por acaso.
Bônus: o tom inventado por Julie Maroh e executado pelo diretor Abdellatif Kechiche
Todo bom aluno de artes sabe que azul faz parte da paleta fria, com parcial ausência de luz. No entanto, o azul em La Vie D’Adele (Azul é a cor Mais Quente, de 2013) tem o efeito oposto. Afrontando as expectativas, o azul aqui funciona como a chama quente do fogão, representando o despertar sexual de Adele.
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