Amy Dunne (Rosamund Pike) é um retrato psicológico fiel do Transtorno de Personalidade Borderline.
Garota Exemplar (2014) foi um terror psicológico dirigido por David Fincher, responsável pela direção de Seven – O Sete Crimes Capitais (1995). E foi uma adaptação do livro de mesmo nome da autora americana Gillian Flynn. A obra garantiu um Oscar de melhor atriz á Rosamund Pike em 2015, após a sua brilhante atuação como Amy Dunne, principalmente por ter evidenciado com maestria os comportamentos da personagem.
A narrativa da produção de 2014 evidencia uma mulher com um medo intenso de abandono e aborda também, com clareza, uma raiva extremamente inadequada após a percepção de que seu marido, Nick (Ben Affleck), a traía. Ou seja, fica evidente, a partir do roteiro de Flynn, que os comportamentos de Amy Dunne (Rosamund Pike) assemelham-se com os comportamentos de um Transtorno de Personalidade conhecido como Transtorno de Personalidade Borderline.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM V, O Transtorno de Personalidade Borderline é um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, da autoimagem do sujeito, dos afetos e da impulsividade, que surgirá no início da fase adulta. Os sintomas típicos de um quadro de Borderline são: esforços desesperadores para evitar o abandono, seja ele apresentado de uma forma real ou imaginada; os relacionamentos interpessoais são instáveis e intensos, onde há a presença de uma alternância entre os extremos de uma idealização e de uma desvalorização; Impulsividade; Comportamentos ou ameaças suicidas; sentimentos intensos de vazio; Raiva intensa e inapropriada.
O termo Borderline evidencia que o sujeito que apresenta tais comportamentos está entre a linha da Psicose e da Neurose, ou seja, não se apresentam apenas como um dos dois, pois apresentam características das duas estruturas clínicas da Psicanálise.
Durante a linha narrativa de Garota Exemplar percebemos algumas semelhanças dos comportamentos de Amy com o quadro Borderline. Um deles seria o medo absurdo de ser abandonada por Nick, quando ela começa a perceber que o marido não sente mais nenhum afeto por ela, Amy realiza o seu caminho para a desvalorização. Durante o início do relacionamento com Nick Dunne, amy o idealiza como o homem perfeito e a partir do primeiro contato já demonstra um medo absurdo de perdê-lo.
Porém, o relacionamento entra em desgaste pelos acontecimentos sócio-ambientais presentes naquele momento e o personagem de Ben já não demostra sentir o mesmo pela esposa, passando a traí-la com uma moça mais jovem. Quando Amy descobre a traição, o sentimento de idealização, rapidamente, torna-se um sentimento de desvalorização, ao ponto de sentir vontade de acabar com a vida do homem, planejando uma fuga, caracterizada de assassinato, para que seu marido fosse visto como o seu assassino.
Essa desvalorização passa torna-se uma idealização extrema, quando ela assiste Nick dizendo que a ama em rede nacional. E, por isto, ela faz de tudo para provar a inocência de Dunne. Para isto, Amy mata o seu ex-namorado Desi Collings (Neil Patrick Haris) e depois o acusando de sequestrá-la. Obviamente, que Amy manipula toda este cenário por ter voltado a idealizar Nick Dunne como o homem perfeito. Porém, o medo de ser abandonada pelo esposo volta a ficar evidente, quando ela ameaça destruir a vida de Nick novamente, caso ele pense em deixá-la.
Garota Exemplar é uma representação típica dos comportamentos do Transtorno de Personalidade Borderline e a atuação de Rosamund Pike deixou isto ainda mais evidente, com o seu jogo incrível de expressões.
Você é formado em psicologia ou tem especialização em psiquiatria? Se não, como pode diagnosticar de forma tão irresponsável um personagem fictício? Ela planeja, calcula, não tem empatia e nem remorsos, aonde que isso caracteriza um borderline? Borderlines não conseguem ser calculistas! “Análise” pobre, irresponsável e preconceituosa.
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Olá, Camila. Sim, a autora do texto é psicóloga pela UnB, as notas estão corretas e embasadas no filme e também em seus estudos acadêmicos. Abraços.
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https://health.usnews.com/health-news/health-wellness/articles/2014/10/27/what-gone-girl-does-and-doesnt-tell-us-about-mental-illness
No artigo deste site americano de psicologia vários especialistas foram entrevistados e eles nem se quer citam o transtorno de borderline, apenas especulam sobre narcisismo e psicopatia. Seu post é irresponsável.
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Olá,
Na área de Psicologia e também em todas as demais áreas que envolvem pensamento crítico, analítico e social, existe o que chamamos de corrente ideológica. O tempo inteiro os acadêmicos, mestres e doutores dissertam e debatem entre si teorias e diagnósticos, uma vez que o ser humano e o mundo onde ele vive é uma caixinha de surpresas. Há sempre exceções das exceções e notas de rodapé no mundo dos estudiosos. Desde o início dos tempos de ciências, teorias são contraditas,refutadas e recriadas através de novos experimentos com a realidade da época e os recursos novos inventados justamente para confirmar ou negar essas teorias.
Além disso, também existe o que chamamos de “corrente de pensamento”, que nada mais é do que divergência de opiniões. Psicanálise e Análise Cognitiva Comportamental, por exemplo, são extremamente opostas. Sendo a primeira uma análise mais fria da mente humana e a segunda uma análise mais sistêmica de como o ser humano é visto dentro de um grupo. A divergência de opiniões é o que move as ciências e é essencial para que possamos chegar a conhecimentos mais aprofundados sobre o nosso mundo. Infelizmente, há efeitos colaterais, como é o caso de pacientes com diagnósticos equivocados o tempo todo por falta de informação do profissional, e/ou dificuldade em acessar todas as janelas que o paciente costuma fechar, temendo se expor diante do médico, do psicólogo ou da sociedade.
Conseguimos entender sua preocupação com o conteúdo abordado nessa coluna, mais precisamente nesse post, mas temos o cuidado em colocar uma equipe de profissionais graduados em nosso site. Rhanna é formada pela UnB e possui um diagnóstico diferente desses entrevistados. E é muito bom que possamos ter esse senso crítico de reavaliar casos de acordo com nosso próprio pensamento, ao invés de se preocupar em sermos validados por uma pesquisa de outro país, com outras correntes, outros estudos e outra realidade.
Espero que essa troca de ideias tenha ajudado de alguma forma no seu entendimento e que tenha aliviado a sua preocupação com nosso conteúdo.
Atenciosamente,
Equipe Sessão das Três
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