A lista a seguir é composta de séries canceladas com a justificativa de falta de audiência, o que desestimula o investimento em novas temporadas. Todas elas tratam de representatividade. Coincidência? Acho que não.
1. The Get Down
De todas da lista, The Get Down foi a que se despediu de maneira menos seca. O diretor, Baz Luhrmann, fez uma carta aberta aos fãs, pedindo desculpas pelo cancelamento. Ele admitiu que não havia se dado conta antes da posição em que estaria ao adentrar o mundo das séries; Luhrmann não imaginava que essa exclusividade iria interferir em seu trabalho com filmes e que, por conta disso, teria que abandonar o barco.
A Netflix, sabendo que a série tinha recebido notas ruins pelos espectadores, aproveitou a oportunidade para incentivar o cancelamento ao invés da substituição do diretor. No entanto, especular a verdadeira motivação para essas notas ruins é tomar um caminho perigoso, e talvez controverso. Principalmente porque, ainda em 2019, há quem boicote qualquer que seja a produção que fale o que ninguém quer ouvir, ou que torne protagonista quem sempre foi coadjuvante.

2. Girlboss
Baseado na biografia de mesmo título, Girlboss conta a história de Sophia Amoruso, uma jovem que tornou-se uma das empreendedoras mais famosas da internet, ao fundar uma grife chamada Nasty Gal. O cancelamento da série se deve ao fato de que não estamos preparados para ver protagonistas femininas arrogantes e em posições de poder (vide a recente polêmica e má aceitação de Capitã Marvel).
A justificativa dada foi a antipatia de Sophia. No entanto, é óbvio que se trata de um estranhamento devido à antiga ideia de mulheres protagonistas boazinhas, delicadas e dependentes. Quando a personagem diz o que quer, fala palavrão e é ambiciosa, é também chamada de chatinha e antipática. O curioso é pensar que personagens masculinas com mesma personalidade são amadas por fãs: como Deadpool , por exemplo.

3. One Day At A Time
One Day at a Time, ou simplesmente ODAAT, encantou todos aqueles que tiveram a oportunidade de assistir e acompanhar. A razão óbvia para a baixa audiência não é (e nunca foi) baixa aceitação, mas a falta de propaganda, com absoluta certeza. No mundo do marketing, há certa hierarquização de conteúdo, decorrendo na super divulgação de algumas produções e a quase anulação de outras. Dessa maneira, quem não vai atrás do catálogo para procurar, dificilmente assistirá a produções como essa.
O impacto deste cancelamento chegou ao elenco e equipe, e após meses de campanha nas redes sociais, os fãs conseguiram convencer à Netflix a transferir os direitos para outra empresa.
ODAAT não é só um remake de uma série de sucesso dos anos 70; ela é, em sua própria essência, um grande sucesso entre os que assistiram. Ela traz o humor na melhor dose, convida o espectador para debates necessários e cada personagem nos conquista com seu charme característico.

4. Everything Sucks
Esse é o recorde dos recordes. Everything Sucks foi cancelada pouco antes de dois meses de lançada. O argumento utilizado foi o desinteresse em continuar assistindo. Aparentemente, muitos espectadores desistiram de finalizar o primeiro episódio; para os showrunners, isso é mais importante do que medir quem maratonou em dois ou três dias.
Ao invés de refletirem a razão técnica para essa desistência, a solução mais prática seria cancelar e assim o fizeram. No entanto, há inúmeras hipóteses e possibilidades de entender o fenômeno, como por exemplo, a direção e o roteiro que poderiam deixar a série mais atraente no início, não no meio. Se o espectador desse continuidade aos demais episódios, veria a importância de Everything Sucks e simpatizaria com a abordagem inocente e adocicada da vida escolar de adolescentes que fazem parte das minorias sociais.

Onde day at a time poderia ganhar um grande publico em pouco tempo.
CurtirCurtir