O drama biográfico sobre Judy Garland ganha vida nos eletrizantes cinemas de todo o mundo.

Estrelando Renée Zellweger, o filme conta a história dos últimos meses de vida da atriz e cantora Judy Garland, depois de passar por um difícil período.
Para recuperar a guarda de seus filhos devido aos problemas financeiros com os quais tem que lidar após a rejeição de Hollywood, Judy precisa deixar suas crianças nos Estados Unidos, e refazer sua fama no Reino Unido.

A interpretação de Zellweger apresenta uma incorporação que vai muito além do magnífico trabalho da maquiagem; ela transforma-se em Judy Garland por completo. Desde o inchaço na oralidade até a curvatura de suas costas, a atriz consegue trazer um molde realístico para o receptáculo.
Os momentos temperamentais da personagem são muito bem representados nas expressões de sua intérprete, assim como conhecemos aqui todas as facetas de Judy.

A sensibilidade do roteiro é clara em demonstrar os estúdios de Hollywood que abusaram da atriz de diversas formas, fazendo-a trabalhar incansavelmente e deixando-a sem se alimentar por dias. Ainda que tentasse fugir desta perspectiva, Judy era muito reprimida pelo seu contrato, e, mesmo sendo considerada como “a garota da vizinhança”, nunca teve uma adolescência pacata.
O trabalho incessante fez com que a atriz se tornasse viciada em remédios, o que é abordado a todo tempo na obra, durante as crises de ansiedade da persona.

A direção de Rupert Goold é gloriosa em todos os aspectos; desde a beleza na composição dos planos até o enquadramento catastrófico da melancolia de Garland. O diretor aproveitou a experiência que já carregava com a direção de teatro para adequar a câmera ao olhar dos palcos e estúdios — com muito glamour em seu figurino e excelência na maquiagem e retrato das personagens.

É um filme que não demonstra medo em apresentar as nuances problemáticas da atriz, e sim preocupa-se em humanizá-la. O espectador compreende Judy como deveria ter sido em vida: uma mulher além das meras representações hollywoodianas.
Indicado ao Oscar de melhor maquiagem e melhor atriz, o filme tem sido exaltado na categoria de atuação pela incrível performance de Zellweger em todas as premiações até então, sendo uma das mais fortes concorrentes da academia no ano de 2020.
Dessa forma, Judy é um drama humano, eletrizante e que não deixa de fantasiar com um mundo “além do arco-íris”.