Em seu novo filme, Greta Gerwig fortalece todo o seu poder como diretora e roteirista, sendo uma das fortes candidatas para o Oscar 2019.

Inspirado no romance “Mulherzinhas”, escrito por May Alcot em 1868, o filme narra a história das mulheres da família March, que conta com quatro irmãs de personalidades distintas.
Em termos de roteiro, as personagens são bem delineadas pelas nuances apontadas a cada uma. Há diferenças marcantes entre as quatro: Meg (Emma Watson) é a mais velha das irmãs e sonha em casar-se e ter filhos, enquanto também diverte-se de forma moderada na alta sociedade, ainda que sua família viva de pouco. Josephine (Saoirse Ronan) é a escritora da família e uma mulher extremamente independente, que planeja o futuro visando a publicação de suas obras e a conquista de sua própria riqueza intelectual e financeira. Amy (Florence Pugh) é uma jovem aventureira e apaixonada, que deslumbra as artes visuais e tem amor incondicional pela pintura; enquanto Beth (Eliza Scanlen) é a terceira filha do casal March, e também a mais reclusa em seu próprio mundo, sempre a tocar o seu piano, sendo que também é a mais querida entre as irmãs.

O filme se passa em duas linhas temporais diferentes. Uma delas constrói a relação das garotas com cada uma das personagens que aparece ao longo do trajeto, enquanto outra mostra as dificuldades atuais das mulheres e também as diferentes formas de lidar com uma tragédia familiar que as assola pouco a pouco.
Jo e Amy entram em conflitos similares sobre sua arte, apesar das diferentes motivações. Há também um forte contraste entre as duas quando trata-se da maneira de ver o mundo e buscar o próprio futuro. Amy ainda é apaixonada por Laurie (Timothée Chalamet), um rapaz que nutriu amor por sua irmã Jo durante toda a juventude. Ela o encontra em um de seus passeios pela Europa junto a sua tia, interpretada por Meryl Streep.

As melhores performances são entregues por Saoirse Ronan, Timothée Chalamet e Florence Pugh. Em toda cena que participam, ainda que isoladamente, eles trazem a força e eletricidade que a obra precisa.
Os seguimentos entre os personagens são sempre divertidos e, muitas vezes, emocionantes. O espectador vibra junto aos acontecimentos e, certamente, irá se identificar com alguma das personas apresentadas.

A direção de Greta Gerwig mostra-se meticulosa ao unir-se à fotografia para enquadrar detalhes e, mesmo, mostrar as delicadezas e forças de cada pessoa em cena. É um filme de época bem ambientado pela direção de arte com figurinos e locações detalhadas, tornando a atmosfera imersível e realística.
Adoráveis Mulheres, que está sendo cotado como um dos grandes filmes desta temporada de premiações, é uma obra deslumbrante, capaz de emocionar e familiarizar-se com seu público.