Com tantas opções é até difícil saber o que escolher, por isso, que tal algumas dicas de séries interessantes espalhadas pelo catálogo e que valem muito a pena serem vistas? Vamos nessa.
BANDIDOS NA TV

Culpado ou inocente? Essa é a pergunta que “Bandidos na TV”, série documental brasileira da Netflix, faz sobre o seu protagonista Wallace Souza, apresentador de televisão, deputado e possível chefe de quadrilha em uma história que só se torna mais e mais complexa, e a série deixa a dúvida no ar para o publico pensar. O que Bandidos na TV faz é se utilizar de uma montagem extremamente bem elaborada, sofisticada e num ritmo invejável para apresentar uma dessas histórias chocantes de um Brasil desconhecido, mas do nosso lado, de suas estranhezas políticas e de sistema tão comuns quanto absurdas. A série lembra o melhor de outras produções documentais sobre crime não estando abaixo de nenhum quando comparada a nata desse gênero traçando um estudo fascinante do seu personagem central, do seu universo e se destacando uma narrativa sempre muito envolvente que não só consegue apresentar uma história tão singular com todo o fascínio que ela transmite e explorado ao máximo os personagens e cenários ricos que tem, mas também destacar o retrato de um Brasil tão real e tão estranho. Por isso mesmo é Brasil.
TUCA & BERTIE

Criada por Lisa Hanawalt, uma das produtoras de “BoJack Horseman“, é justo dizer que Tuca & Bertie compartilha várias semelhanças com a série veterana não apenas no mesmo traço, por abordar animais antropológicos vivendo num mundo de humanos com dramas humanos e passear por temas muito parecidos em abordagem na sua dramédia. Porém Tuca & Bertie consegue ter um viés muito próprio. Ela é muito mais leve que BoJack, e na sua abordagem de duas mulheres da cultura hipster millenium lembrando Broad City por exemplo. Esse equilíbrio traz uma plenitude e ao mesmo tempo um senso de relevância muito grande que faz a série passear por diversos temas como abuso, assédio, ansiedade, a pressão terrível e o medo eterno por ser mulher com todas as opressões possíveis ao gênero ao seu redor, a falta de maturidade mesmo com 30 anos, conseguindo dosar bem momentos mais sérios e de comédia.
RUSSIAN DOLL

Criada pela sua própria protagonista Natasha Lyonne (“Orange Is The New Black“) em conjunto com Amy Poehler (“Parks and Recreation“) e Leslye Headland (diretora e roteirista de filmes como Quatro Amigas e um Casamento e Dormindo com as Outras Pessoas), Russian Doll consegue fugir completamente do clichê de alguém vivendo um lapso temporal que já foi explorado em filmes como Feitiço do Tempo e milhões de outros. Ao invés a série cria uma trama envolvente e singular que explora os conflitos psicológicos e emocionais que fazem o ser humano ficar parado no tempo e num ciclo de repetição constante além de saber criativamente encontrar graça nisso tudo. E a sua abordagem dessa mulher morrendo e voltando a vida acaba sendo absolutamente feminina tanto no seu subtexto quanto na sua execução já que todos os episódios da série são dirigidos e escritos por mulheres dando uma ótica absolutamente feminista para a comédia. Russian Doll é sobre como repetições podem trazer o novo se moldando assim como série.
DEAD TO ME
Falando em obras feministas, a abordagem sobre o feminino agora com o foco amizades entre mulheres também está presente em Dead To Me. Criada por Liz Feldman, a série é um drama com toques de um humor sombrio trazendo duas excelentes Christina Applegate (surpreendendo muito positivamente nos seus momentos de drama) e Linda Cardellini numa das melhores duplas de série desse ano em uma química invejável. Apesar de passar por alguns pontos baixos, a série consegue traçar um interessante estudo sobre perda e questões humanas usando uma trama de mistério apenas como pano de fundo para construir o drama tragicômico que quer tendo essa curiosa amizade como ponto central.
THE OA

A única série veterana da lista está merecidamente nela. Se a primeira temporada de The OA já é uma apresentação completamente aberta a fantasia e a sua própria e deliciosa loucura lúdica e sensível, na segunda temporada vemos Brit Marling e Zal Batmanglij mergulhando nessa trama de mistério e espiritualidade. Ver a segunda temporada é quase como assistir o David Lynch e o Mark Frost partindo para Twin Peaks: The Return depois do filme de Lynch em 1992. É um mergulho mesmo na ambição, na sua verdade artística totalmente livre e sensível, no que é de mais ousado, surpreendente e em comentários com o nosso mundo que vão da critica até a metalinguagem. É uma dessas obras únicas que só por isso já mereciam ser apreciadas.