A cinebiografia de Elton John é a personificação de sexo, drogas e rock n’ roll, com uma pitada de drama e uma trilha sonora que contempla não apenas a obra, mas a carreira do artista.
O filme conta a história de Elton Hercules John (Taron Egerton), o famoso músico, nascido Reginald Kenneth Dwight. Elton é desestabilizado pela sua infância e possui problemas com álcool, drogas e vício em sexo. Além disso, enfrenta a mídia e a própria família com relação a sua sexualidade.
No papel de protagonista, Taron Egerton apresenta tudo o que os fãs poderiam esperar. Ele é extravagante, elétrico e excêntrico, assim como a imagem de Elton é trazida para o público na realidade. Os momentos de aflição, desespero e solidão são muito bem representados e interpretados por Egerton, que vocaliza as músicas de maneira tão pessoal que se aproxima da dolorosa vida do cantor.
A princípio, Elton compõe suas músicas junto com Bernie (Jamie Bell), seu melhor amigo por quem cria um sentimento de afeição que se aproxima do amor. O isolamento dele é expressado através da narrativa em conjunto com a performance de Egerton, que mesclam uma fúria artística e uma ânsia para encontrar um amor.
Elton se depara com diversas dificuldades durante a sua carreira e uma delas é a traição moral de seu produtor, John Reid (Richard Madden), com quem possuía um envolvimento inicialmente saudável, mas que vai o dilacerando pouco a pouco.
É impossível não destacar a beleza cenográfica e o excelente trabalho da direção de arte, seja com os cenários ou com os figurinos. A escolha de cores se torna proposital para extravasar a personalidade gongórica do cantor.
A sequência inicial já destaca seus trajes performáticos e sua necessidade de atenção, que é desenvolvida já nos primeiros dez minutos de filme por carência de afeto familiar. A coreografia que segue o primeiro ato musical prende o espectador à cena de forma que é impossível desviar o olhar. Os enquadramentos escolhidos pelo diretor reforçam a figura da personagem.
A escolha de cores frias e retrôs para o antigo Reggie – apelido de Elton quando criança – e sua antiga cidade neutraliza o ambiente para que o adulto possa aparecer cada vez mais evidente, com um traje avermelhado como chamas no meio de toda a cantoria. Além disso, a abertura com The Bitch is Back, cantada inicialmente por Egerton, mas interpretada em sua maioria pelo ator mirim que o interpreta durante a infância, é vibrantemente digna de um musical.
A trilha sonora é composta das músicas mais marcantes de Elton, que significam não apenas muito para a sua carreira e são conhecidas pelo público, mas também aquelas que podem ser entendidas com certa pessoalidade. Há uma cena em que a família de Elton canta I Want Love. É um plano sequência feito com travelling incrivelmente filmada e que absorve toda a desolação de sua família.
Apesar de ter proibido os produtores de excluírem cenas de sexo e drogas, o roteiro não explora a entrada de Elton nesse mundo, deixando alguns espaços abertos para que se possa encarar a real mudança da personagem, mas que é recuperada com a força da atuação de Egerton. Há também um laque temporal de quatro anos sobre o casamento forjado do cantor, que não desenvolve bem o arco dramático entre ele e a personagem de Renate, visto que são apenas cerca de cinco minutos para toda esta cena – desde que se conhecem até o divórcio.
Assim, Rocketman é um excelente filme cinebiográfico, que, apesar de algumas falhas de desenvolvimento, é quase inteiramente bem tratado e destrinchado, tanto pela narrativa quanto por seus excelentes atores. É uma obra que retrata a ascensão e declínio de uma estrela do rock, e também esperancia seu retorno e carimba informações a sua audiência.
Sessão das Três 