Sessão Psicologia | O Transtorno Dissociativo de Identidade em Vidro

O personagem de James McAvoy é uma representação típica do Transtorno Dissociativo de Identidade, mais conhecido como TDI.

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Vidro (2019) é um terror psicológico dirigido por M.Night Shyamalan, que completa a trilogia conhecida como Eastrail 177, composta por Corpo Fechado (2000) e Fragmentado (2017). Os três narram histórias de super-heróis junto a uma mescla de elementos típicos do terror psicológico.  Além de James McAvoy, a obra de Shyamalan conta com a participação de Samuel L Jackson e Bruce Willis.

Além da narrativa trazer elementos típicos de um terror psicológico, o roteiro de M.Night Shyamalan trouxe uma boa discussão a respeito de um transtorno mental já trabalhado em outros filmes do gênero, o Transtorno Dissociativo de Identidade. Através do personagem Kevin Crumb (James McAvoy), a produção aborda o TDI de uma forma diferente da série Bates Motel (2013 – 2017). Crumb apresenta 23 personalidades, que juntas dão passaporte psíquico para vigésima quarta, conhecida como “A Fera”.

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O Transtorno Dissociativo de Identidade era conhecido como Transtorno de Personalidade Múltipla e há uma relação de grande magnitude entre ele e os traumas vividos pelos sujeitos. Como o indivíduo não possui a força psíquica necessária para enfrentar situações que, de uma certa forma, se tornaram “desagradáveis”, a sua psique encontra maneiras mais “fáceis” de lidar com elas, ou seja, através das personalidades que foram surgindo posteriormente.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais -DSM, o TDI apresenta-se através do desenvolvimento de uma ou mais personalidades distintas, onde uma se tornará a dominante por um período de tempo não determinado. Ou seja, é aquela que está funcionando como a dominante que irá determinar o comportamento do sujeito, ou seja, através disto fica claro que cada uma é individual e diferente da outra. Ainda de acordo com o DSM, a personalidade do sujeito, conhecida como a original, não faz ideia das outras que convivem junto a si.

[ALERTA DE SPOILER]

Assim como o próprio nome do transtorno já diz, há uma certa fragmentação da personalidade original do sujeito, dando margem para o surgimento das outras. Esse evento fica muito claro em Vidro, principalmente quando o personagem de McAvoy entra em cena. Kevin foi uma criança mal-tratada por sua mãe, mas até uma certa idade ele ainda possuía a proteção do pai; com a sua morte, o garoto fica sozinho com a matriarca e as agressões passam a aumentar. Isso deixa a sua psiquê ainda mais fragilizada, pois o elemento protetivo não encontra-se mais no cenário.

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A junção da perda do pai com a violência doméstica e psicológica feitas pela mãe fizeram com que a personalidade de Crumb se fragmentasse – o termo dissociativo faz uma referência à palavra “fragmentação” -, dando passaporte para o surgimento das vigésimas personalidades subsequentes. Como Kevin não tem uma estrutura psíquica forte o suficiente para lidar com os traumas criados na infância, o aparecimentos das outras também é uma maneira de aliviar o nível ansiogênico da situação passada, fazendo com que não seja o Kevin Crumb que terá que lidar com a situação e sim as outras personalidades.

James McAvoy, através da sua interpretação, deixou bem evidente quando havia a troca dos alter egos, mostrando a sua eficiência em transitar entre os 25 sujeitos interpretados por ele. Ele ajuda a criar em Vidro uma potencialidade de magnitude entre os filmes já lançados esse ano.

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