O clássico de 1954, estrelado por Audrey Hepburn, é até hoje um dos grandes marcos do cinema estadunidense e nos mostra duas Sabrinas diferentes.

Sabrina é uma comédia romântica dirigida por Billy Wilder, conhecida, até hoje, como uma das melhores produções estreladas pela Audrey Hepburn – batendo inclusive o conhecido Bonequinha de Luxo (1961). Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do motorista da família Larrabee e a percebemos, no início do longa, como uma moça cheia de sonhos e apaixonada por um dos herdeiros da poderosa família de Long Island, David Larrabee (William Holden).
Deixando claro o papel que Fairchild representa na primeira linha narrativa da obra, ele é o da moça pobre, filha dos empregos e que acaba se apaixonando por um homem rico, filho dos patrões. Enxergamos Sabrina, assim, como a típica garotinha cheia de sonhos e desejos, mas que ainda não percebeu que tem todas as potencialidades para realizá-los.

Mudanças e adaptações acontecem ao longo da construção narrativa da personagem, pois o roteiro de Billy Wilder mostra o gradual amadurecimento dela ao longo de Sabrina. Passamos a perceber isso, por exemplo, quando ela decide estudar culinária na França.
Mesmo no começo do processo de amadurecimento, Sabrina passa por altos e baixos em sua jornada no território francês. No entanto, tudo isto já serviu como base para a apresentação de uma nova mulher, na transição da primeira para a segunda linha narrativa do filme, quando Sabrina retorna à casa dos Larrabee.
Durante suas aulas na escola de culinária, por exemplo, a jovem não sucede nas suas primeiras receitas. Porém, ao longo do tempo, o roteiro de Wilder passa a retratar a confiança que ela ganha em relação à escola de gastronomia. Se no começo ela errava o ponto de uma receita ou esquecia a temperatura ideal do forno, Sabrina começa a mudar e perceber que é totalmente capaz de realizar estes atos. Esta questão da confiança, que no primeiro ato irá se estabelecer através da linha gastronômica, vai se expandindo para as outras áreas de sua vida, principalmente após o retorno à mansão dos Larrabee.
Mesmo deixando-se levar pelas belas palavras de David, principalmente pela via dos seus sentimentos, os quais ela carregava no seu íntimo desde a adolescência, percebemos que a visão dela se difere com maestria da Sabrina da primeira linha narrativa. Ela acredita nele, acredita que o cara dos seus sonhos realmente gosta dela, mas Fairchild consegue se posicionar de uma forma diferente e mais madura.

Quando a obra desenvolve o triângulo amoroso entre os irmãos Larrabee e Sabrina, já fica claro um distanciamento dos sentimentos da protagonista em relação a David e uma aproximação afetiva em relação a Linus (Humphrey Bogart). Deixa-se, assim, uma margem para entendermos com quem Sabrina terminaria no final.
A partir do momento em que a narrativa começa aproximar Sabrina de Linus, percebemos que a relação dela com David começa a enfraquecer. Fairchild começa a perceber que o irmão mais velho da família Larrabee se comporta com ela de uma forma totalmente diferente. Enquanto David a tratava como um objeto que poderia exibir para quem quisesse e da forma que quisesse, Linus a via de uma forma mais humana e doce. Mesmo que ele se apresentasse de uma maneira fria com quase todos, esse sentimento nunca era visto quando ele estava ao lado de Sabrina. E, com isso, a mesma começa a mudar a percepção romântica que ela tinha de David, olhando para Linus de uma forma diferente.
Sabrina Fairchild cresce e se fortalece tanto ao longo da obra que não podemos deixar de lado a importância de Sabrina dentro dos filmes que retratam o papel da mulher. Audrey Hepburn deu uma importância a mais para sua personagem, tornando esse um dos filmes mais aclamados da filmografia da atriz.
Que beleza maravilhosa
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