Crítica | Maniac – 1ª temporada

A nova produção da Netflix, criada por Patrick Somerville (The Leftovers) e dirigida por Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation, True Detective e It: A Coisa) mistura psicologia, ficção científica e comédia como nunca vimos antes.

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[ALERTA DE SPOILER]

Em um mundo que mistura o futuro com o passado, somos apresentados aos dois personagens principais da trama: Owen Milgrim (Jonah Hill), um jovem rico, que não possui uma boa relação com a família e que foi diagnosticado com esquizofrenia, sofrendo alucinações frequentes; e Annie Landsberg (Emma Stone), uma garota viciada em drogas pesadas, que não se encaixa no meio em que está inserida e que tem problemas em lidar tanto com a perda da irmã, em um acidente de carro, quanto com a ausência do pai em sua vida.

Ao mesmo tempo em que somos apresentados ao universo das personagens de Stone e Hill, percebemos uma crítica imediata feita pelos produtores, logo no início, à sociedade atual, cada vez mais ligada à tecnologia e ao digital e que deixa de lado as relações interpessoais. Vamos desenvolver mais sobre isso à frente.

Após ficarem sabendo de um estudo promovido pela empresa Neberdine Pharmaceutical Biotech, que tem por objetivo curar doenças mentais, os dois decidem fazer parte do teste: Annie por causa do seu vício em uma das drogas oferecidas pela companhia e Owen pois quer se ver curado das suas alucinações e da esquizofrenia.

No estudo, os participantes precisam tomar três pílulas (A,B,C) e, após ingeri-las, são ligados a um computador chamado GRTA, que coleta todas as experiências, emoções e informações que estão dentro dos seus subconscientes. É a partir de então que um erro causado pelo computador leva Owen e Annie a um mundo fictício, onde os dois interpretam outras personagens que passam por situações, emoções e histórias diferentes.

A atuação de Stone e Hill quando são levados a essas realidades é de impressionar; os atores dão características e elementos próprios a cada nova personagem que interpretam, o que nos leva a imaginar que, provavelmente, a produção e – principalmente – os atores serão possíveis indicados ao Emmy e ao Globo de Ouro de 2019.

No momento em que Fukunaga nos transporta para essas estórias paralelas, através de Annie e Owen, ele nos faz pensar: será que é necessário fingirmos ou imaginarmos ser outra pessoa para conseguirmos criar laços afetivos com aqueles que estão ao nosso redor? Será que, por sermos tão bombardeados com novas tecnologias, novos programas e novos aplicativos, nos esquecemos de viver e de dar importância às coisas que de fato fazem diferença? Será realmente mais fácil criar tecnologias ou mecanismos novos para fugir de problemas ou conflitos que temos ao longo das nossas vidas?

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Além de todos esses questionamentos levantados, a direção de Cary Fukunaga é elementar para entrar no clima proposto por Maniac. O diretor utilizada de tomadas mais longas, cores mais intensas – que são utilizadas para separar o que é sonho e o que realidade -, além de escolher focar no rosto dos atores (principalmente Emma e Johan) em algumas cenas, o que intensifica mais a estória que se quer contar e nos leva a mergulhar naquele mundo criado por ele. Isso sem falar da trilha sonora de Dan Romer, que é um dos pontos altos da série.

Sem dúvidas, Maniac é uma série que vale a pena assistir e pode ser considerada uma das melhores produções da Netflix até o momento, principalmente pelas reflexões que ela transmite ao espectador.

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