Maratona OSCAR | The Post

The Post é um tributo aos jornalistas norte-americanos; mas também é só isso. Um filme norte-americano, para norte-americanos.

É indiscutível a presença marcante de Meryl Streep em todo e qualquer filme em que esteja. Ela é uma ótima – ótima não, excelente! – atriz, e é interessante perceber a estratégias de certos diretores de elenco em escalá-la para suas produções já desenvolvidas com foco no OSCAR, sabendo de sua popularidade e talento inquestionável.

No entanto, embora a indicação de “Melhor Atriz” seja bem merecida, The Post sequer deveria estar entre os indicados a “Melhor Filme”. Não que um filme seja ruim, porque ele não é. O problema é que The Post se limita a explorar o passado de uma grande organização que, infelizmente, não diz respeito a todos.

Logo no início, somos apresentados ao contexto de guerra, sem qualquer indicação de que se trata de um filme sobre um Jornal. A primeira falha de roteiro já está aí, uma vez que o espectador pode se perguntar: “Espera. Estou assistindo ao filme certo?”. Passa o período de apresentação, e finalmente há a ligação entre a Guerra do Vietnã e a empresa de Jornal. Por um lado, é interessante a analogia da guerra, já que, ao longo da narrativa, somos introduzidos a uma verdadeira disputa de interesses entre diferentes Jornais e o então presidente, Nixon. Por outro, é notório observar que a cena inicial poderia ter sido diferente.

Roteiro não foi exatamente o forte de The Post. O que tornou o filme razoavelmente interessante foi o trabalho da direção, principalmente a de fotografia. Spielberg escolheu maneiras de explorar esse universo jornalístico de maneira tão inteligente que, através de movimentos de câmera, como zooms e giros, podemos entender o caminho pelo qual se encaminha as notícias, as mensagens, até os receptores. Houve momentos em que a figura de Kay (Meryl Streep) ficava encurralada no canto da tela, e outros em que ela era vista de cima enquanto a câmera lhe mostrava de todos os ângulos, ao rodá-la no quadro.

Os planos escolhido para os quadros do filme lembram os planos utilizados na década de 70 , e já que estamos falando sobre isso, é indispensável comentar a excelência em ambientação. Não somente os planos – que já foi preciosismo do diretor -, mas também o figurino e cenografia, de modo geral, teve um trabalho assertivo em ambientar o espectador nos anos 70, sem precisar de letterings autoexplicativos, que, diga-se de passagem, é quase sempre desnecessário.

Mas ainda assim, mesmo com todas essas tentativas de se tornar um filme redondo, esteticamente bem dirigido, The Post não recebe indicações pelas quais merecia – direção e fotografia -, ficando, ao invés disso, com a indicação para “Melhor Filme. A concorrência é quase desleal, tendo A Forma Da Água, Me Chame Pelo Seu Nome e Três Anúncios Para Um Crime como os queridinhos da Academia.

No decorrer dos eventos e do clímax , a pergunta que vem é: “Tudo bem. E por que tudo isso é importante?”. Talvez, um espectador norte-americano tenha a resposta na ponta da língua. Pelo que a guerra do Vietnã representa para eles, e, principalmente, pelo que a imprensa representa para eles.

 A verdade é que The Post é um filme emblemático para os jornalistas que viveram a ascensão do Washington Post. Para os demais, apenas mais um filme que fala sobre politicagem e dilemas jornalísticos que permeiam entre ética, moral e mercado financeiro.

 

 

 

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