Maratona OSCAR | A Forma da Água

Liderando as indicações concorrendo a treze categorias do OSCAR, A Forma da Água é a mais nova obra de Guillermo del Toro.

Em seu novo longa, o diretor de O Labirinto do Fauno (2006), mais uma vez, caracteriza seu mundo em uma fantasia elegante e audaciosa sobre a faceta monstruosa da natureza humana.

O filme conta a história de Elisa Esposito (Sally Hawkins), uma mulher muda e solitária que trabalha em um laboratório onde está sendo realizado um experimento com um homem-anfíbio (Doug Jones). O fascínio de Elisa pela criatura cresce e os dois criam um vínculo romântico que se torna perigoso dada à situação sigilosa da pesquisa.

A relação entre Elisa e o homem-anfíbio é, sobretudo, desenvolvida através do companheirismo. A linha de ambos os personagens é tratada com uma solidão fascinante que é delineada através da sinfonia sofisticada que ambienta as cenas de maneira calma e apaixonada. Elisa apresenta o seu mundo para a criatura aos poucos, ensinando-a a linguagem de sinais e apresentando-lhe as obras humanas, como a música e a culinária.

Apesar da leveza com que a risca desse desenvolvimento pessoal é traçada, a fluidez do relacionamento parece forçada ao público. O começo é pouco crível e, basicamente, o restante do filme é apenas um processo de aceitação da construção de seu roteiro; A relação entre os dois parece ter sido desembaraçada com certa impulsividade, o que não deu tempo à obra de explicar-se quanto ao interesse repentino de Elisa pelo organismo.

Sally Hawkins entrega uma excelente performance ao interpretar a vida adulta com inocência e delicadeza; ela dá vida à sua personagem e às características que servem de base para Elisa e sua história.

Além de Hawkins, outro grande responsável pela solidez da estrutura narrativa é Michael Shannon, que brilha em seu papel como antagonista. O seu personagem, Strickland, é um estereótipo ambulante do preconceito. Um homem sexista, racista e fissurado pelo poder, Strickland não tem escrúpulos para chegar onde quer. O desempenho de Shannon é tão impressionante que faz com que o público ame odiá-lo.

A direção de Guillermo del Toro é um violento conto de fadas; Ao mesmo tempo em que temos uma graciosa e aconchegante cenografia, somos apunhalados com cenas torturantes que se movimentam entre a violência física e psicológica. A realidade na dor que o filme transfere aos telespectadores é tão palpável que nos faz tremer nas poltronas do cinema.

As escolhas de cores e a fotografia também fazem parte da composição de uma atmosfera submarina e imersiva, com uma locomoção bastante fluida e um uso impressionante de iluminação, sabendo conduzir suas sombras de maneira inteligente e atenciosa, direcionando o foco do público para a visão de seu diretor.

Com um romance não-convencional mas que ainda se encaixa numa desenvoltura clichê, assim como a história tantas vezes vista em filmes de super-herói de mutantes sendo testados em laboratório, A Forma da Água pode ser um filme superestimado em relação ao seu enredo, mas que definitivamente tem uma excelente performance cinematográfica e um diretor imaginativo, capaz de fundar seus ideais a respeito do mundo dentro da própria fantasia.

Indicações:

  • Melhor Filme
  • Melhor Atriz
  • Melhor Atriz Coadjuvante
  • Melhor Ator Coadjuvante
  • Melhor Diretor
  • Melhor Trilha Sonora Original
  • Melhor Roteiro Original
  • Melhor Fotografia
  • Melhor Figurino
  • Melhor Montagem
  • Melhor Mixagem de Som
  • Melhor Edição de Som
  • Melhor Direção de Arte

A Forma da Água estreia nessa quinta-feira (01/02) nos cinemas de todo o Brasil.

2 comentários em “Maratona OSCAR | A Forma da Água

Deixe um comentário

Faça o login usando um destes métodos para comentar:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s