Direto dos chick-lits para as telinhas, Fala Sério, Mãe! é noventa minutos de chororô com aquela nostalgia e identificação das mães e filhas brasileiras.
Antes de tudo, é preciso dizer que essa história de que o livro é sempre melhor do que o filme não pode se aplicar a Fala Sério, Mãe! Não é que o filme seja simplesmente melhor, a questão é que o cinema traz um apelo emotivo que a literatura, dentro de seus limites, não consegue suprir.
Diferente da proposta de Minha Mãe É Uma Peça (2013), Fala Sério, Mãe! traz exemplos mais reais, fáceis de sugerir uma identificação do espectador com as situações vividas por Angela Cristina (Ingrid Guimarães) e Malu (Larissa Manoela). E por falar nelas, é indispensável comentar a química entre as atrizes; além de uma aparência física parecida, as duas realmente experimentaram a relação de mãe e filha.
Larissa Manoela amadureceu muito desde Carrossel (2012-2013), e depois desse filme, podemos esperar bons trabalhos em seu nome. Isso fica bem claro quando, de repente, Malu já não tem mais 14; começamos, então, a acompanhar seu crescimento até os 19, com uma única atriz que muda não somente o figurino, mas, essencialmente, a postura, a forma de falar, de se comportar, e até mesmo de andar.
As vivências retratadas desde o livro (em capítulos divididos por idades) são vivências genéricas, mas, ao mesmo tempo, pessoais; o espectador se vê na tela, e então faz associações com experiências parecidas, e isso é importante para filmes como esse, que se preocupam com o apelo emocional.
E na realidade, é justamente isso que faz Fala Sério, Mãe! ser especial: os fãs que acompanharam o trabalho de Thalita Rebouças experimentaram a infância e adolescência na mesma época que a Malu do filme. As referências musicais, as brincadeiras, o formato das festinhas, e, acima de tudo, as mães dos anos 2000: protetoras, excessivas, carinhosas e divertidas. Foi a época em que a violência nas ruas e nas escolas se disseminaram, e quando o termo bullying teve seu ápice; foi também quando o número de divórcios aumentaram, e quando começou-se a falar mais fervorosamente sobre “ninho vazio”. Tudo isso foi vivido pelos fãs de Thalita, e essa identificação traz certo carinho até mesmo para os que não leram sua série de livros.
Mas de todo esses noventa minutos, existe uma cena que já vale por todas. É justamente quando o chororô começa: é quando, nessa cena, fazemos uma associação com o início do filme, e percebemos que houve uma inversão de papéis; que em certos momentos, ser mãe é precisar da filha, e que nesses mesmos momentos, ser filha é tentar se tornar uma mãe ainda melhor para sua mamãe.
Abaixo, videoclipe original do filme: