Análise| Me Adora – Cover por César Lacerda

O novo clipe de César Lacerda é como uma canção de ninar em formato de crônica.

Iniciando a coluna “Música Encenada”, trazemos uma análise da mais recente adaptação de “Me Adora”, composta por Pitty em 2009. Nesta versão, César Lacerda traz um cotidiano simples e genérico entre um casal que briga por ciúmes. O interessante não é exatamente a história vivida no videoclipe, mas a maneira como esta história foi contada.

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Entre todos os setores, a direção é a chave para o destino de um filme: é onde a história toma seu caminho. E essa dupla de diretores (Luís Martino e Fernando Neumayer) conseguiu isto: transformar um caso genérico e comum numa crônica singela e doce, não somente pelo ritmo dos acontecimentos, mas também pelas cores, pelos atores, pelo movimento das câmeras, e, principalmente, pelo diálogo natural entre música e cinema, duas artes que precisam estar intimamente ligadas.

Ainda falando sobre a música, o tom de voz de César Lacerda ajuda a manter esse clima morno, lembrando uma canção de ninar. E é interessante observar que sua voz treme um pouco, e também parece estar abafada quando o mocinho (Fábio Audi) está se embebedando no bar. Nesta mesma cena, os planos escolhidos revelam o nível de embriaguez de Fábio, enquanto as cenas envolvendo a mocinha (Valentina Herszage) permanecem com câmera fixa, evidenciando sua sobriedade.

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Outro ponto importante de mencionar são as cenas finais, em que os protagonistas estão separados um do outro, cada qual num simbolismo diferente: o mocinho (Fábio) está na rua, exposto, emergido no meio de uma multidão, sentindo-se sozinho e perdido. Já a mocinha (Valentina), ela está num ambiente protegido, uma salão de Teatro; igualmente sozinha, mas, ao contrário de Fábio, ela aparenta calma e resignação, não desespero. Quando Fábio surge pela porta, silenciosamente, o volume da música dá um salto, é o clímax. Valentina aceita seu pedido mudo de desculpas, e é logo no verso final da música: “Não deixe eu ir embora pra perceber”.

O último  ponto que se destaca aqui é visto bem no finalzinho, mas vamos deixar que o espectador curioso descubra sozinho. Uma dica: prestem atenção nas bordas do vídeo.

Abaixo, o clipe na íntegra.

 

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